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.selfish.


(…)
Não é que não tenhamos pensado. Claro que pensamos. Sempre passa pela nossa cabeça o “e se”, mas a felicidade acaba sobrepujando o pensamento.
Acaba sufocando o pensamento.
Sufoca tanto que acreditamos que a felicidade é eterna, que jamais nada será forte o bastante pra separar duas pessoas que se amam.
Amar é tão relativo. 
Hoje eu amo você. Amanhã também. Pra sempre? Talvez até seu próximo corte de cabelo. Talvez até você colocar um piercing no nariz. Talvez até sentir seu cheiro pela manhã. 
Ninguém é capaz de amar absolutamente tudo em outra pessoa. Se isso acontecesse, anularia a si mesmo.  
É por isso que amor é finito, porquê tem limites que vão além do tempo.
Limitações que fazem do amor algo equilibrado.
Quando o amor extrapola os limites, deixa de ser amor. Aí, dá-se o nome que mais convém: Psicose, dependência, loucura. Menos amor. 
E é exatamente aí que entra aquele pensamento de “será?”. 
Será que estou fazendo a coisa certa? Será que realmente os limites não são tão estreitos e curtos que estou me anulando?
E a felicidade não é mais tão plena, né?
E a felicidade não mais se resume a detalhes, né?
E a felicidade não mais é.
E aí?
Aí acorda pela manhã e percebe que nada do que sonhou era verdade. 
Aquele sonho que parecia tão colorido, agora ocupa seus pensamentos em tons de cinza. 
O dia inteiro.
Por mais que você se esforce pra pensar em outra coisa, uma música, um cheiro, uma sombra; algo vai te trazer de volta ao que te incomoda. 
E vai ser assim pelo tempo que você permitir que seja. Vai ser assim por quanto for o espaço que tiver se anulado. Até que se faça pleno em si mesmo, vai doer. Vai machucar. Vai incomodar.
O que falta pra se encontrar dentro de si mesmo, na felicidade que deixou de se permitir viver?
Falta amor. O mesmo amor que faltou pra aceitar o “e se”, entregando-se à felicidade que não era sua, mas que parecia tão real quanto o sonho em tons de cinza.
Amor próprio.
 

Publicado em.vida.cotidiana.

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