.à.dor.do.valor.

Que é um direito constitucional manifestar-se, não nego.
Que é assegurado por dispositivos jurídicos que a greve é uma forma autêntica de exercer a insatisfação, não nego.
Que o povo brasileiro paga uma carga tributária das mais altas do mundo, não nego.
Que o governo é corrupto e desvirtuado da função de governar, não nego.
Assim como não nego que a culpa disso tudo é do próprio povo que exerce o voto descompromissado. Não inconsciente, mas sem consciência política.
Um povo oprimido por governos que se sucedem em discursos baseados nas mesmas ideologias.
Mudam-se as bandeiras, mas o fundamentalismo é o mesmo.
Não existe mais esquerda e direita. Existe uma massa aproveitadora que se farta da impunidade às custas da morosidade legal e faz da casa do povo a casa da mãe Joana.
Perdão.
Mãe Joana sabe cuidar de seus filhos.
Filhos estes que não fogem à luta, mas demoraram décadas para superar a lacuna educacional plantada pela incompetência governamental.
É um princípio básico da dominação dos povos, dominar pela força ou pela ignorância.
O Brasil passou pelos dois. Anos de chumbo oprimindo mentes revolucionárias seguidos por anos de uma educação chula e manipulada.
Instrução é a base para a construção da cidadania e exercê-la não é ir contra o dito “sistema”. É saber o que e como fazer para que este se volte das mãos opressoras às mãos oprimidas. É ter acesso à informação de forma clara e transparente para exercer o livre arbítrio consciente na hora do voto.
Uma pequena massa acordou graças ao acesso à tecnologia. À possibilidade de filtrar verdades em meio à corrupção e à impunidade administrativa. E ainda são poucos. E desorganizados. Há vinte e um anos atrás, quando nem computadores faziam parte da vida do brasileiro, uma nação inteira acordou ao sentir, nos bolsos, o efeito do voto errado em pessoas de péssima competência.
Esta mesma nação, vinte e um anos mais tarde, acordou não por vinte centavos.
O povo brasileiro se acostumou a ver preço onde deveria haver VALOR.
E esta é a verdade, frente às últimas manifestações:
Descobrimos que TEMOS VALOR.